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Sincronicidade

Sincronicidade

Sincronicidade é um termo cunhado por C.G. Jung para descrever acontecimentos acausais ligados de significado. Existem certos eventos e acontecimentos na vida que não podem ser explicados de forma causal. Um outro nome utilizado, erroneamente, para tais eventos é “coincidência”. Jung diz que “não se pode falar de causa e efeito, mas de uma coincidência no tempo, uma espécie de simultaneidade. Por causa do caráter dessa simultaneidade, escolhi o termo sincronicidade para designar um fator hipotético de explicação equivalente à causalidade”.

Jung fala em simultaneidade pois são 2 realidades distintas que se encontram em uma sincronicidade. Uma realidade é psíquica ou interna, e a outra material ou externa. E a grande pergunta é sempre “o que isso significa?”

Sonho com um amigo que não vejo há muito tempo, e no dia seguinte esse amigo me liga. Vejo um número específico repetidas vezes em uma semana. 3 amigos de diferentes conexões me falam a mesma coisa no mesmo dia. Esses e incontáveis outros exemplos de experiência enigmática, que chamam a atenção por “quererem dizer algo” acontecem na vida de todos. E eles realmente ESTÃO dizendo algo. A pergunta é, o que? Bom a elaboração eu deixo com cada um e sugiro que procure um analista junguiano para lhe apoiar.

Eu gostaria neste artigo de voltar um pouco no tempo e contar como essa teoria veio a ser.

A Suíça era um lugar muito promissor no começo do séc. XX. Zurique era o palco para o luminares da física e da psicologia profunda. E foi sob essas circunstâncias que Jung começou a pensar sobre o que seria futuramente a teoria da sincronicidade. Em uma carta ao escritor da biografia de Einstein, Carl Seelig, Jung disse:

O Professor Einstein foi meu convidado para jantar em muitas ocasiões… Estava ele começando então a desenvolver a sua primeira teoria da relatividade. Procurava instilar em nós os elementos dela, com maior ou menor dose de êxito. Como não-matemáticos, nós, psiquiatras, tínhamos certa dificuldade em seguir sua argumentação. Compreendi, no entanto, o suficiente para formar uma poderosa impressão de Einstein. Foi, sobretudo, a simplicidade e franqueza de seu gênio como pensador que me impressionou de modo irresistível e exerceu uma duradoura influência sobre o meu próprio trabalho intelectual. Foi Einstein quem primeiro me levou a pensar sobre uma possível relatividade tanto do tempo quanto do espaço, a sua condicionalidade psíquica. Mais de trinta anos depois, esse estímulo propiciou o meu relacionamento com o físico Professor W. Pauli, e a elaboração da minha tese sobre sincronicidade psíquica”.

Desde o final dos anos 1920 Jung ja tinha em mente idéias sobre sincronicidade e chegara até a mencioná-la em um seminário, mas só realmente publicara sua tese em 1951 junto com o físico Wolf Pauli e seu livro Sincronicidade em 1952. Por que?

Jung desde sempre fora apedrejado por suas teorias – maravilhosas, mas transgressoras de sistemas de crenças profundamente enraizadas e cristalizadas. Começando por seu professor na faculdade difamando seu nome e o acusando de plágio, depois, o rompimento com Freud e a comunidade psicanalítica, e então a própria comunidade científica. Jung era por muitos considerado um místico, apesar de ser um médico psiquiatra. Quanto maior sua luz, maior a sua sombra, certo?

Então para publicar algo da magnitude como a sincronicidade Jung precisava de apoio. E a física ofereceu este apoio. Wolf Pauli.

Pauli procurara Jung inicialmente para tratamento nos anos 1930, e Jung o indicou a uma estudante analista. Nesta mesma época, Jung havia encontrado a Alquimia. Aquela peça que faltava e dava embasamento a sua teoria. Pauli seguiu seu caminho e Jung também. Anos mais tarde, Pauli volta a Jung e ai começam suas analises de sonhos que culminaram em um trabalho em conjunto, onde ambos achavam que o futuro dependia desse diálogo entre a mecânica quântica e a psicologia de profundidade.

Deixo abaixo um pequeno vídeo com um aprofundamento da história entre Jung, Pauli e Einstein.

Gabriel Cop Luciano

Referência Bibliográfica:

STEIN, Murray. Jung – O Mapa da alma. SP: Cutrix, 2000

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